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Santistas, paulistanos, agora curitibanos… Brasil afora, o povo sacrificado com aumento na tarifa do ônibus

Wagner de Alcântara Aragão - fev 07 2017
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Muitos curitibanos foram surpreendidos hoje, segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017, com o reajuste da tarifa de ônibus.Indignação geral nos pontos, estações tubos e nas redes sociais.

Não por menos.

De uma semana pra outra, a passagem aumentou de R$ 3,70 para R$ 4,25. Quase 15% de sapecada.

“Presente” semelhante o povo Brasil afora tem recebido de prefeitos e governadores – e empresários de ônibus.

O país, aliás, precisa de passar a limpo esse modelo de gestão, concessão e operacionalização de transportes urbanos por ônibus.

É preciso romper com os oligopólios e estabelecer mecanismos que garantam maior poder de acompanhamento e de decisão das administrações públicas – e da população, logicamente.

Repare: apenas meia-dúzia de conglomerados controla a maior parte das viações e linhas municipais e metropolitanas.

 

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Já escrevemos aqui, mas vale repetir: são empresas e empresários poderosos, com lobby e influência fortíssimos sobre prefeitos, vereadores, deputados, desembargadores e juízes, e também sobre a imprensa, em regra. São empresas e empresários que há décadas lucram com tarifas que consomem fatia considerável do salário do trabalhador.

Também aqui ressaltamos, e imprescindível relembrar: são empresas e empresários que constituíram e expandiram seus negócios em tempos quando a concessão de serviços públicos era obtida sob regras menos rígidas que as estabelecidas pela Constituição de 1988. E, depois do marco constitucional, tais impérios conseguiram se manter – e continuar a crescer – vencendo processos licitatórios muitas vezes questionáveis.

É difícil fazer um levantamento do tamanho exato desses grupos, porque as ramificações de cada um são inúmeras, e nem sempre identificáveis claramente. Mas é possível constatar que estes seis estão entre os maiores e os mais onipresentes:

  • GRUPO ÁUREA ou Grupo Constantino, ou ainda Comporte Participações. Conglomerado formado por diversas viações que operam principalmente em Santos e Baixada Santista, várias cidades do interior de São Paulo e norte/noroeste do Paraná, e no Distrito Federal. O grupo é o controlador da Gol Linhas Aéreas e da BRVias (concessões de rodovias), entre outros negócios.
  • GRUPO RUAS, formado por viações que operam sobretudo em São Paulo capital. Faz parte do grupo ainda a carroceria Caio.
  • GRUPO GUANABARA, com empresas de ônibus que operam no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Ceará, Pará, Paraíba e Piauí. Também tem uma viação em Portugal, além de outros negócios no Brasil e naquele país.
  • GRUPO BELARMINO, presente em São Paulo e região metropolitana, em Campinas, Jundiaí, Franca e São João da Boa Vista. Entre outros negócios, é sócio na Pastifício Selmi, fabricante dos macarrões Galo e Renata.
  • GRUPO ABC, com predomínio no Grande ABC Paulista, incluindo a operação do corredor metropolitano Jabaquara-São Mateus, via cidades do ABCDM.
  • GRUPO GULIN, com participação em quase 70% dos consórcios que operam em Curitiba; presente também no interior do Paraná e no Distrito Federal.

Também é de se incluir na lista das mais poderosas as viações do empresário Wagner Canhedo (atuação no Centro-Oeste) e de Clésio de Andrade (Belo Horizonte, sobretudo).

É ou não é passada a hora de dar uma geral nisso tudo aí?

 

 

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Por @waasantista, texto e fotos | Postado de Curitiba

 

 

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